quarta-feira, 3 de junho de 2009

Entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim



Tilden (com Fidel): os cubanos hoje são mais pragmáticos
Cuba não vai perder a oportunidade de retonar à Organização dos Estados Americanos, de onde foi banida há quase meio século, se essa porta se mantiver aberta. A avaliação é do ex-embaixador brasileiro na ilha, Tilden Santiago, para quem as manifestações recentes de Fidel por uma nova OEA sem os americanos não devem ser tomadas ao pé da letra.
“As palavras de Fidel tem que ser entendidas dentro do temperamento e do tipo que ele é: um eterno revolucionário, que tem uma visão utópica”, disse Tilden em entrevista por telefone a Paulo Henrique Amorim.
Tilden acredita que os cubanos hoje são mais pragmáticos. “Os diplomatas mais fortes na tradição diplomática cubana se formaram em íntimo contato com os americanos”, disse. O próprio chanceler cubano, Bruno Rodríguez, viveu muitos anos nos Estados Unidos. “Tenho certeza que eles não perderão a ocasião de ingressar na OEA se a porta ficar aberta”, completou.
Além do pragmatismo, o ex-embaixador, que representou o Brasil em Havana durante o primeiro governo de Lula (2003-2006), aponta outras razões, intrínsecas à própria história da ilha, que pesam a favor do retorno à OEA: desde o seu primeiro dia, a revolução cubana clama pela integração latino-americana.
“Fidel sempre disse que o verdadeiro líder da revolução era José Marti, que defendia a integração do continente, desde o Rio Grande (fronteira do México com os Estados Unidos) até a Patagônia (extremo sul da América do Sul)”, disse Tilden.
Durante sua estada em Havana, Tilden ouviu do próprio Fidel palavras de admiração a Lula. “Entre outras razões, Fidel me disse que gostava muito de Lula por considerá-lo o quadro político latino-americano que mais contribuía para essa integração”, disse o ex-embaixador.

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