segunda-feira, 29 de junho de 2009

TEXTO DE DIVINO ADVINCULA

Formação e Informação
Muito se falou sobre a questão do fim da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Não é o fim do mundo. Nem o fim da profissão. Muito menos o fim da escolarização como caminho para a aquisição de técnicas e conhecimentos adquiridos de maneira teórica e metódica. Aliás, agora mais do que nunca a qualificação fará a diferença. O que se tem levado em consideração sobre o diploma está direcionado à apenas algumas grandes cidades, que, no final das contas, mudará muito pouco.
Mas gostaria de abordar um outro ponto. O Brasil, assim como muitos países, tem uma larga tradição de pequenos jornais que circulam em bairros pequenos, cidades além de vilas e lugarejos. Esses jornais ajudam a construir a história desses lugares, documentam o cotidiano, registram costumes. Contextualizam o pensamento e a cultura local no universo global. São excelentes fontes para pesquisa histórica, social e antropológica etc.
Tivesse a obrigatoriedade do diploma sido mantida pelo STF, correríamos o risco de acabarmos com esse meio documental e informativo de enorme interesse público, chamado de “jornal local”; uma vez que jornalistas diplomados jamais iriam para esses lugares sem muito recurso. Pessoas nativas correriam o risco de serem processadas por exercício ilegal da profissão.
Ganhou o bom jornalista de todos os cantos do Brasil e perdeu àquele que contou apenas com um canudo vazio de conteúdo e pobre de conhecimento.


Divino Advincula
Jornalista

segunda-feira, 22 de junho de 2009

HORIZONTE ABERTO

A fragilidade de nossa democracia fica mais clara nos processos eleitorais. Claro que foi um avanço histórico saírmos de Ditadura Militar, passarmos por uma transição "lenta, gradual e segura", vivenciar um Congresso Constituinte, exclusivo de políticos e não uma Assembléia Nacional Constituinte. E mesmo com a anistia relativizada que tivemos e com o fracasso das Diretas-já, repetirmos eleições que proclamamos democráticas, até chegarmos a um líder popular, trabalhador no governo, até alcançarmos a institucionalidade.
Os partidos políticos são chamados a colaborar nesse crescimento da democracia. Cumpre superar uma certa "ditadura de partido", que começa a se visualizar. É o que se espera especialmente do PMDB, PT, PSDB e DEM. Interessante a polêmica entre os tucanos sobre realizar ou não prévias internas para escolha de candidato. Interessante também quando Aécio Neves opta por uma campanha propositiva, sem radicalizar e bater duro no governo, como deseja Serra.
E os demais partidos - PDT, PSB, PCdoB, PV, PR, PP, PRb, PPS, PTB, PSTU e PSOL e outros - não teriam uma contribuição a dar na discussão dos programas de governo, dos novos mandatos a serem conquistados? vão ficar na inércia, fora do cenário, esperando por posicionamentos nacionais? Esperando pela tomada de posição de Lula e Aécio?
O horizonte está aberto para lideranças políticas e partidos, que queiram dar ao processo eleitoral uma nova dinâmica em consonância com a população de Minas e do Brasil.

VICTORIA II

"Fale com ele que o café vai esfriar, que não demore a aparecer". Esse foi o recado que Meire deixou com minha secretária na Cemig. Convite simples, simpático e fraterno, irrecusável. Depois de meses de espera fui conhecer Victoria, uma linda filha de oito anos, portadora de uma síndrome de West, síndrome convulsiva, que há cinco anos vive em uma UTI montada dentro de casa. Respira através de aparelhos, alimenta-se por sonda, sendo uma criança que precisa de cuidados intensos. Tudo que é necessário para as pessoas com necessidades especiais é muito caro. Jefferson trabalha na Fundep e Meire sai na motinha para trabalhar fora. A intensa dedicação a Victoria, o amor que eles demonstram continuamente com gestos de carinho e ternura, falando com ela e ela respondendo com o olhar, fazem deles um trio abençoado capaz de aquecer o coração de quem os visita oferecendo um café quentinho.

VICTORIA

Dois funcionários que trabalham na Cemig, foram ao número 125 da Rua 02, no Bairro Nova Pampulha para cortar a luz. Meire, a mãe de Victória, os recebeu e os convenceu a não cortar, mostrando a filha dormindo numa cama, sobrevivendo graças a aparelhos que dependem da energia elétrica. Pouco tempo depois, Meire e Jefferson foram recebidos na Cemig pelo gerente Márcio Barbosa Resende e a dívida foi dividida em 12 vezes.
Na década de 70, trabalhei com Jefferson no Diário do Comércio de José Costa. Ele era jovem e acabou indo para Rondônia, onde encontrou Meire, neta de uma índia. Victória, sinal sensível do amor de ambos, faz daquela família e casa de número 125, um espaço iluminado.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

SEMANA DO MEIO AMBIENTE EM PAINS


Semana do meio ambiente em Pains, é celebrada com gesto concreto e não com mera retórica pelo prefeito Ronaldo Márcio Gonçalves: “Não vou deixar o trem da história passar na minha frente. A discussão hoje é a preservação da Gruta do Éden, que a partir de hoje passará a ser monumento natural. Amanhã será o combate à poluição em nossa cidade que está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, considerados fundamentais ao benefício das gerações futuras. A Gruta do Éden é uma caverna calcária de grande importância devido à sua beleza cênica, dimensões expressivas, presença de espeleotemas raros, cursos d’agua perene. Está entre as maiores cavernas do Brasil”
Pains é junto com Arcos, Córrego Fundo e outros vizinhos uma região do Centro-oeste mineiro rica em calcário. Acompanhei Lula, em sua caravana pelo Velho Chico antes de ser presidente. Fizemos questão que ele se encontrasse na ocasião, com os empresários das caieiras no Posto Charutão do Dr. Zé Pedro, entre Córrego Fundo e Formiga. Muita água correu de lá para cá. Hoje um companheiro de Lula, Ronaldo Gonçalves, fala com firmeza como prefeito de Pains e empresário do ramo da mineração: “A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de nossa sociedade, desde que seja operada com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do desenvolvimento sustentável.”
Ronaldo Gonçalves conhece as causas históricas da problemática que administra: “Os impactos causados pela mineração no perímetro urbano e onde se localiza a Gruta do Éden, geraram conflitos sócio-ambientalistas pela falta de intervenção do poder público, que não reconheceu os interesses coletivos envolvidos.” E sabiamente Ronaldo enfatiza a ação conjunta do tripé – governo, setor produtivo e comunidade – na busca de soluções: “Os conflitos gerados pela mineração exigem uma coordenação dos poderes públicos, que atuam no setor mineral, em conjunto com a sociedade civil e com os empresários, de modo que sejam implementadas normas de procedimentos com critérios claros.”
O prefeito Ronaldo não esconde da população os dados reais da situação e os mostra em plena audiência pública democrática, aberta a todos: “O impacto causado pela mineração nesta região sobre as pessoas pode ser constatado pelo número de atendimentos no serviço municipal de saúde.” E mostra que conhece a situação nos detalhes geográficos de Pains: “principalmente sobre quem mora no bairro Alvorada e na Rua Severiano Rabelo. Para uma população de 8.420 pessoas, somente para doenças respiratórias foram feitas mais de 4.000 consultas ao ano. As crianças são as que mais sofrem com as infecções das vias aéreas superiores. Somente no último ano foram feitas 5.290 inalações.”
Em Pains, a prefeitura além de ter uma Secretaria de Meio Ambiente, instalou um Centro de Referência para a Revitalização do Velho Chico. Junto com o ambientalista René Vilela, do MMA, sou testemunho do belo trabalho feito naquela cidade objetivando a problemática sócio –ambiental. O prefeito Ronaldo centra a ação de governo especialmente em dois objetivos: o abastecimento de água e a saúde da população. Ele age e fala com convicção: “Eu estou convencido de que nós temos o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente, e temos de ter orgulho do que estamos fazendo. Sabemos que é uma tarefa difícil. Quando agente pensa que está cuidando de uma gruta, um rio está sendo poluído. É quase uma revolução cultural que precisamos fazer para atingir a perfeição ambiental. Não há registro de semelhante desempenho ambiental conjugado a um processo de crescimento, como tem ocorrido em Pains. Somos um exemplo para cidades que ainda insistem em crescer a qualquer custo, sem se importar com a qualidade de vida de seu próprio povo, muito menos com a saúde da população.”
Parabéns Pains! Parabéns Ronaldo!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

DE CONSPIRAÇÃO PELA DEMOCRACIA E LIBERDADE MINAS ENTENDE


Segunda-feira: 16 de março de 2009 – Os governadores Aécio Neves e José Serra passam o fim da tarde e a noite em Recife. Aproveitaram convite do contador de histórias, Fernando Lyra, ex-ministro da Justiça, indicado por Tancredo Neves e confirmado pelo presidente José Sarney para assistir o lançamento do seu livro de memórias – “Daquilo que eu sei – Tancredo e a Transição Democrática.”.
O lançamento foi uma grande festa política, um reencontro de amigos de diversas correntes políticas no Recife Antigo, no Paço Alfândega restaurado. Em campo neutro, Aécio e Serra transitavam civilizadamente nas diversas correntes. Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, como magistrado, assistia tranqüilo, muito à vontade, a toda a movimentação. Feliz, pela criação de um fato político interessante para o PSDB e, para a opinião pública nacional, rico em significado e inquietudes, tendo como pano de fundo, 2010 e cheio de lições a se tirar.
Lyra, Guerra, o governador Eduardo Campos do PSB pernambucano, Tasso Jereissati, Roberto Freire, Albano Franco e outros políticos cantaram, em prosa e verso, a rica biografia de ambos presidenciáveis. Como declarou Aécio Neves, em BH, antes da viagem, tal encontro, na cidade das pontes sobre o Capibaribe e o Beberibe, “é uma sinalização da unidade do PSDB”. Sem esconder, a meu ver, sou testemunha ocular, as diferenças entre ambos nessa tentativa de ser o candidato tucano ao Planalto.
Os pré-candidatos vêem o Brasil de lugares diferentes, até porque, é impossível deixar de ser mineiro ou paulista, a essa altura dos acontecimentos – na trama da política e da vida.
Serra vê o país a partir da hegemonia da Avenida Paulista, a partir de seus gabinetes empresariais e financeiros, onde políticos de diferentes partidos se escondem, buscando luzes, apoio e sustentação. Natural que assim seja! Poder político e poder econômico se enamoram!

Isso faz parte do realismo, do pragmatismo na caminhada política. Mas a hegemonia da Avenida Paulista está longe de ser a “gramsciana”. Ela cheira mais a “exclusivismo” do que hegemonia – incapaz de vivenciar uma autêntica hegemonia – aquela que é generosa: geradora de parceria entre fortes e fracos econômica e politicamente, no cenário nacional de nossa sociedade.
Esses gabinetes paulistanos desconhecem Antonio Gramsci e sua sábia concepção de “hegemonia”. Nenhuma surpresa nisso! Embora FHC a conhece muito bem. E Serra também.
A postura excessivamente hegemonista da Avenida Paulista é um dado que pesa como uma espada de Dâmocles sobre a Nação brasileira. Não me refiro a São Paulo respeitável unidade de nossa federação. E seu povo também brasileiro. Meu olhar é global. Falo da Avenida Paulista, do poder de seus gabinetes do mundo empresarial, financeiro, expressão fundamental de formação econômica, social e cultural do Brasil e de sua população tão diferenciada do ponto de vista de classes. Penso nas diferenças regionais e sociais de nossa pátria.
Numa angulação diferenciada, Aécio Neves vê o Brasil a partir de Minas, um resumo de brasilidade – do mesmo modo como tantos mineiros, em nossa história, olharam a Nação brasileira.
Minas não respira hegemonia dominadora. Somos plural. Somos sinônimos de liberdade. Buscamos as liberdades democráticas sempre. Hoje como no passado pagamos um preço caro na constituição histórica da soberania, da liberdade, da independência.
Tiradentes e outros mineiros conspiraram nos becos de Vila Rica e nas estradas até o Rio e foram sacrificados na luta libertária, para que, décadas mais tarde, o paulista José Bonifácio pudesse ser o Patriarca da Independência.
Não é apenas o compêndio de nossas escolas que registra o valor de ambos. Tanto que na Praça dos Libertadores – latinos em La Habana, Tiradentes e Bonifácio estão perfilados no Jardim dedicado ao Brasil.
Dr. Tancredo sempre repetiu com propriedade de que o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade. Aécio aprendeu e apreendeu estes valores, desde casa e na escola da vida, para mais tarde, homem público, poder avançar.
A vocação libertária de Minas levou Aécio Neves a olhar o Brasil a partir de Teófilo Otoni no Mucuri. Do Jequitinhonha, do Jaíba, do Velho Chico, do Gurutuba e outros vales. O que lhe permite entender o Piauí e outras regiões marcadas por uma exploração mais do que secular. Como as Minas são muitas, a Região Metropolitana, o Triângulo, a Zona da Mata, o Vale do Aço, o Sul de Minas, permitem ao governador Aécio entender São Paulo, o Sul, nossos grandes centros urbanos mais desenvolvidos, e industrializados.
Aécio Neves, reconhecido como gestor competente se coloca como pré-candidato ao Planalto, após seis anos de uma prática política e administrativa moderna, contemporânea. Inclusive de harmonia com Lula Presidente e com Pimentel Prefeito – ambos do PT na defesa dos interesses de Minas. E agora com Márcio Lacerda do PSB.
Em Recife Serra atacou pesado o governo Lula. Já Aécio, mesmo tendo críticas, preferiu enfatizar 2011, como início de uma fase “pós – Lula”. Volto a Dr. Tancredo: Se é mineiro não é radical! Se é radical não é mineiro!
Apesar das dificuldades enfrentadas e mesmo alguns desacertos, o acordo de BH, na sua essência mais profunda, foi a expressão da busca de um patamar mais alto para a política, acenando para o pluripartidarismo, condenando a “ditadura do partido” e a prioridade de interesses partidários e personalistas, priorizando problemas da população e a construção do bem comum como referências primeiras. Sem o governador Aécio no Palácio da Liberdade, tal acordo não seria possível.
Do encontro do Recife nos vem à lembrança JK, que fez uma ampla aliança de Minas e do Nordeste. O que hoje deve ser ampliado para o Brasil Central, sulistas e nortistas – contra eventuais vocações hegemonistas dominadoras.
Nesse sentido, abre-se diante de nós, um novo horizonte que só Minas sabe e pode avalisar. Testemunhei evidências dos diferentes estilos. Boa vontade política na busca desse novo horizonte de uma resistência histórica, cívica, nacional contra ambições hegemonistas e egoístas de uma Avenida do Capital.
De conspiração, de democracia, e liberdade Minas entende?

POLÍTICOS CRISTALIZADOS

Foi ou não foi bom antecipar o processo eleitoral? FHC e outros políticos de oposição levantaram esta questão. O Presidente Lula não entrou na polêmica! Até porque ele foi o grande autor dessa antecipação, respaldado na sua popularidade singular que vara os 80% da população brasileira. Mas o verdadeiro problema colocado não é o fato da antecipação. É o modo como os partidos políticos e os pré-candidatos estão desenvolvendo o processo eleitoral - desencadeada a antecipação.
O ideal seria, do ponto de vista da população do Brasil e de Minas, transformar essa pré-campanha numa grande aula política. Mas o que vemos então acontecer no atual processo? Uma ausência de conteúdo político, de exposições e discurssões programáticas para o país e para o Estado.
As estratégias e táticas vão se desenhando na busca exclusiva da manutenção do espaço de poder para as forças políticas que já o detém. Uma verdadeira obcessão cega de poder pelo poder sem explicitar claramente a finalidade e os objetivos dos mandatos, após a vitória eleitoral. Isso certamente não é político-pedagógico. Se é que existe lugar para pedagogia popular de massas na política.
O que vemos é muita esperteza e sagacidade nos entendimentos de bastidores para assegurar as vagas de presidente, governador e vices, as vagas no Senado e na Câmara, para quadros políticos já cristalizados no poder e/ou no governo. Claro que existe gente boa entre eles. Mas um processo eleitoral não pode se resumir à escolha de pessoas. Onde estão os projetos de mandato? Onde estão os programas de governo?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

DILMA X PATRUS

"O projeto nacional se sobrepõe ao projeto estadual. Ele está acima de cidades e Estados no Brasil, por mais importantes que sejam os Estados, como a nossa grande e querida Minas Gerais". Resta saber se o Ministro Patrus assim se pronunciou, pensando em Dilma ou nele mesmo. Patrus governou Belo Horizonte com sucesso. Teve mais de 500 mil votos para deputado federal. É mineiro de Bocaiúva, de sensibilidade e prática política. Dizem que é a vez de Minas e não do Rio Grande. Nunca foi acusado de corrupção. Não é do núcleo financeiro do governo. Dizem também que o Bolsa-Família fala mais alto que o PAC. É sintonizado com os problemas sociais, com as reformas e os pobres. Desde suas candidaturas a vereador, a senador, a prefeito, a deputado federal, sua linguagem levava muitos de nós a pensar na Presidência. Foi bom ouvi-lo na Assembléia.

AÉCIO X SERRA

Já era esperada a reação do PSDB à propaganda do PT, acendendo a guerra entre as administrações Lula e FHC. Mas as atenções curiosas estão voltadas mesmo é para o programa tucano de 10 minutos no dia 25 de junho e qual será a linha. Um programa mais propositivo é o que desejam Aécio, Arthur Virgílio, Rodrigo de Castro, secretário-geral. Existe outra posição que defende bater mais no Governo Federal. Defendida naturalmente por outros tucanos liderados por Serra. Após a crise política de 2005, que deixou sequela negativa na opinião pública, em partidos políticos em geral, é questionável a segunda proposta. é bom lembrar que em 2006 o eleitorado não considerou os que se julgam "formadores de opinião" na base do bate-pau.

PINTO COELHO


Alberto Pinto Coelho - presidente da Assembléia Legislativa - acaba de tomar posse no governo do Estado. Um grande número de amigos e políticos acorreram ao Palácio da Liberdade para homenageá-lo no ato de posse. Como bom mineiro do PP ele colocou sua pré-candidatura ao governo do Estado no belo salão bem iluminado e decorado, admitindo uma composição com o vice-governador Antonio Anastasia presente no ato. Um torcedor de Fernado Pimentel vendo a desenvoltura de Pinto Coelho no Palácio, balbuciou no meu ouvido: "Com essa euforia toda, o homem pode gostar do lugar e do cargo e surpreender alguns que já sonham com todas essas luzes".

terça-feira, 9 de junho de 2009

LAGOINHA


A Lagoinha é uma região que transpira a alma e a história de nossa capital. Manoel Higino dos Santos - no Hoje em Dia de domingo último - com poucas pinceladas, nos jogou dentro daquele cenário saudoso, que engrandece BH: Frei Zacarias e a luta pela retirada dos trilhos; o humanismo natural e espontâneo dos franciscanos do Carlos Prates acolhendo os pobres; a poderosa marianense, professora Maria Madalena Trindade Barreto Correa, tentando rezar o terço nas casas de prostituição - Madalena cuidando, a seu modo, de outras Madalenas. O que mais nos emocionou, Manoel Higino, foi você nos lembrar Wander Pirolli (certamente acompanhado do Lincão), Guimarães Alles! Quantos colegas jornalistas já amanheceram na Lagoinha, após o fechamento da edição.

MULHERES




A presença cada vez maior, de mulheres na política é um sinal de que é possível realizar uma verdadeira "Reforma Política", através das urnas. Recentemente, citei o exemplo de Zilda Helena que construiu um Mandato Participativo de 2001 a 2008 na Câmara Municipal de Lafaiete. Bem perto de Lafaiete, no Campo das Vertentes, o eleitorado de Ouro Branco elegeu como vereadoras para o atual mandato: a militante Celina, Branca, que já viveu a experiência de presidir a associação de vereadores e Cida Campos, psicóloga conhecedora de Jacques Lacan. É a pluralidade partidária a serviço de Ouro Branco.
"A Câmara da cidade, precisamos renovar,
Colocar gente sincera que goste de ajudar,
Já chega de tanto valer o interesse pessoal,
Agora vamos cuidar é da questão social".

segunda-feira, 8 de junho de 2009

PRONTO PARA TUDO

O ex-embaixador de Cuba Tilden Santiago esteve em Brasilia em busca de apoio da cúpula do PSB para concorrer ao Senado por Minas. Em conversa com Renato Casagrande, secretário-geral do partido, fez sua propaganda: - Posso ser o candidato de esquerda, porque terei o segundo voto dos eleitores petistas -, argumentou Santiago, que militou no partido por 28 anos.
-Mas e se o Aécio for candidato ao Senado?
-Aí eu tenho o segundo voto dos eleitores do Aécio...
-Desse jeito você vai ter mais voto que o governador!
Tilden não se fez de rogado:
-Disposição e ousadia não me faltam.

Texto publicado na Folha de São Paulo - Painel - 09/05/2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim



Tilden (com Fidel): os cubanos hoje são mais pragmáticos
Cuba não vai perder a oportunidade de retonar à Organização dos Estados Americanos, de onde foi banida há quase meio século, se essa porta se mantiver aberta. A avaliação é do ex-embaixador brasileiro na ilha, Tilden Santiago, para quem as manifestações recentes de Fidel por uma nova OEA sem os americanos não devem ser tomadas ao pé da letra.
“As palavras de Fidel tem que ser entendidas dentro do temperamento e do tipo que ele é: um eterno revolucionário, que tem uma visão utópica”, disse Tilden em entrevista por telefone a Paulo Henrique Amorim.
Tilden acredita que os cubanos hoje são mais pragmáticos. “Os diplomatas mais fortes na tradição diplomática cubana se formaram em íntimo contato com os americanos”, disse. O próprio chanceler cubano, Bruno Rodríguez, viveu muitos anos nos Estados Unidos. “Tenho certeza que eles não perderão a ocasião de ingressar na OEA se a porta ficar aberta”, completou.
Além do pragmatismo, o ex-embaixador, que representou o Brasil em Havana durante o primeiro governo de Lula (2003-2006), aponta outras razões, intrínsecas à própria história da ilha, que pesam a favor do retorno à OEA: desde o seu primeiro dia, a revolução cubana clama pela integração latino-americana.
“Fidel sempre disse que o verdadeiro líder da revolução era José Marti, que defendia a integração do continente, desde o Rio Grande (fronteira do México com os Estados Unidos) até a Patagônia (extremo sul da América do Sul)”, disse Tilden.
Durante sua estada em Havana, Tilden ouviu do próprio Fidel palavras de admiração a Lula. “Entre outras razões, Fidel me disse que gostava muito de Lula por considerá-lo o quadro político latino-americano que mais contribuía para essa integração”, disse o ex-embaixador.

GIORDANO BRUNO




Os cardeais renovam o poder do Papa e dos Bispos. Os políticos renovam seu próprio poder ou tentam renovar o poder temporal. É nesse último contexto que se enquadra uma Reforma Política e nossos deputados e senadores se entregam à tarefa de transformar o processo eleitoral, partidário e de comportamento dos políticos. São contingências da democracia relativa que construímos. A única saída é, admitindo a "doce ilusão" de Giordano centrarmos nossas energias na conscientização e organização da sociedade - a verdadeira parteira de um novo poder. A verdadeira Reforma Política se dá nas urnas com o surgimento dos agentes de uma nova política - eleitos pela maioria.


"Doce ilusão! Pensar que os donos do poder são capazes de renovar o poder!" Foram idéias como estas que jogaram o co-irmão dominicano medieval de Frei Betto, Giordano Bruno, na prisão e no garrote ou na fogueira, não me lembro. Frei Tito, Frei Betto, Giordano Bruno, Savonarolla! Essa história de sacrificar dominicanos não é só de nosso tempo. E se Giordano tivesse razão? e se for mesmo ilusão doce, pensar que os donos do poder são capazes de renovar o poder? Como fica a nossa Reforma Política, nas mãos de deputados e senadores que nós elegemos para exercer o poder?

REFORMA POLÍTICA - CAMPO DAS VERTENTES



Volto do Campo das Vertentes pensando na Reforma Política e sua importância para o povo brasileiro. Ainda não perdi a esperança de uma Reforma através do Congresso Nacional que nos permita um avanço na arte da política. Mas a minha convicção, de quem viveu 3 mandatos de deputado na Câmara Federal, é que a verdadeira Reforma Política só pode ser feita pela multidão que ocorre às urnas de dois em dois anos, elegendo homens e mulheres comprometidos com a causa do povo. duas vereadoras do Campo das Vertentes confirmam a minha convicção entre outras e outros: Zilda Helena de Lafaiete cujo belo "Mandato Participativo" durou de 2001 a 2008 e Cida Campos de Ouro Branco, que se projeta na vereança com a determinação de psicóloga e psicanalista, com um respeitoso carinho pelo pai, ex-prefeito e com profunda sensibilidade para com os trabalhadores, que nasceu da atividade profissional dentro da Gerdau - Açominas e do serviço na cadeia pública de Entre Rios. Significativo é que são duas mulheres na política.

CARCERAGEM
"Reprimir só o criminoso não basta. É preciso combater as causas da criminalidade, trabalhar numa linha de prevenção, possibilitar aos adolescentes e jóvens, a vivência familiar". Essa afirmação nasce de uma experiência de 11 anos do Promotor de Entre Rios, Dr. Carlos Eugênio. E a cidade conta agora com um Conselho da Comunidade - resultado da dedicação da Pastoral Carcerária - criado por líderes comunitários, assistentes sociais, um psicólogo, o promotor e o Tenete Ribeiro da PM. "Estive preso e me visitaste!" Mateus 25,36. Junto com René Vilela, sou testemunho dessa "boa nova" que acontece em Entre Rios e Desterro.
HUMANISMO
Em Entre Rios e Desterro, a comunidade municipal é incentivada pelo Promotor Carlos Eugênio, pelo Tenete Ribeiro e pela Pastoral Carcerária a vivenciar o humanismo no cuidado que dedicam aos encarcerados. Conseguir a reabilitação é a palavra de ordem. Particular atenção é dada ao "preso pobre", sem defensor público e sem dinheiro para pagar advogado que acompanhe a excução da pena. A pena laternativa é considerada como mais importante. O Promotor fala com carinho e conhecimento pessoal de cada preso, do "doido" ou do "bêbado" que perambula pelas ruas e às vezes é lavado à cadeia. Ângela, mãe de Rodrigo, que viveu atrás das grades, participa do Conselho da Comunidade. Eles não abrem mão dos benefícios oferecidos pelo governo federal e estadual. Mas antes de tudo, contam é com o empenho e a dedicação da Comunidade Municipal.

A QUEM PERTENCE A TERRA?


Leonardo Boff tem razão: "Somos simples hóspedes com a missão de cuidar dela." A terra não pertence aos humanos, nem aos seres mais numerosos que a habitam: os micro-organismos, bactérias, fungos, virus. Não pertence aos ecosistemas, nem aos sistema solar, nem à Via Lactea, nem ao cosmos. Nem aos que pretendem ser donos da terra, os que tem o poder e controlam o mercado. Sua conclusão final é verdadeira, Leonardo! Ela pertence à fonte originária de tudo, a essa energia de fundo do universo que nos revelou: "Minha é a terra e tudo que ela contém e vocês são meus hópedes e inquilinos" Lv, 25,23. Pela nossa comunhão de idéias, de fé e de luta, ouso complementar: Hóspedes cujos corpos, após algum tempo de vida, se misturam com a terra, tendo à Ele como Senhor.