sábado, 24 de abril de 2010

Enquete

O que você acha dessa pressão violenta, impedindo que Ciro Gomes seja candidato à Presidente da República?
Você acha correto reduzir a dois nomes (Dilma e Serra) e a dois partidos (PT a PSDB) a disputa à Presidência, sobretudo ficar olhando para trás, comparando os oito anos de Lula com os oito anos de FHC?
Você percebeu que querem impedir o povo brasileiro de debater, de discutir o Brasil pós-Lula, nas eleições de 2010?

O eleitor é o que menos conta, agora o poder econômico e o poder político querem decidir por nós, antes de irmos às urnas.Através das eleições, que se repetem de dois em dois anos, após o fim da Ditadura, o povo vem crescendo politicamente. Hoje está mais difícil fazer a cabeça do eleitor por pouca coisa, como querem os poderosos.
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sexta-feira, 16 de abril de 2010

MEU CARO CIRO

Acabo de ler a sua opinião sintetizada nessa lauda intitulada: “A história acabou?”. Concordo em gênero, número e grau com a sua análise sobre todos os atores em cena nesse processo eleitoral: partidos, políticos e o povo brasileiro. Concordo especialmente com o seu posicionamento político de defesa da soberania nacional e popular, que só pode ser construída por um PSB independente, autônomo e soberano, sem olhar para o retrovisor e enfocando com coragem e ousadia, o Brasil pós-Lula. Com todo respeito que tenho por esse frágil cenário partidário brasileiro, especialmente pelo PT que ajudei a fundar e a construir durante 28 anos. Você, Ciro, personifica hoje, junto com Marina, o NÃO ao plebiscito que mata a política e o debate, que reduz o olhar do eleitor em plena campanha presidencial, a dois partidos, a dois candidatos, que transforma a eleição numa mera busca de poder pelo poder, levando a Nação a um retrocesso ou a um mero continuísmo. Você personifica um processo eleitoral, como grande aula política em nosso país. O objetivo estratégico do PSB, de um socialismo democrático (e comunitário como na Bolívia) enfatizando nossas raízes históricas, é a garantia da possibilidade de avanço da Nação no pós-Lula, presente em sua inteligência e seu coração patriota. Hoje, Ciro Gomes na Presidência! Amanhã, Eduardo Campos! Disputando agora, eleito ou não, você estará dando a sua contribuição para que o nosso PSB concretize a sua missão histórica. Muitos companheiros socialistas mineiros, dentro e fora do PSB, me telefonaram ao ler seu texto, hipotecando apoio a sua visão e posicionamento firme, me pedindo para manter em Minas, “mutatis mutandis”, a mesma coerência e firmeza com relação à candidatura do PSB para o Senado. Respondi que comunicaria a você e esclareci que, a seu exemplo “cumprirei com disciplina e respeito democrático o que decidir nosso partido. Respeitamos nossas lideranças, mas não desistimos. Vamos levantar seu palanque em Belo Horizonte, Contagem e outras cidades mineiras. Seja bem vindo a Minas e sucesso na campanha em todo o Brasil.

Meu abraco amigo de afilhado politico e companheiro sociaista.

Tilden Santiago.

Embaixador do Brasil em Cuba de 2003 a 2007

Deputado Federal de 1990 a 2002

"A HISTÓRIA ACABOU?" Carta de Ciro Gomes

Jamais imaginei, apos trinta anos de vida Pública, viver uma situação política como a em que me encontro. A pouco mais de 60 dias do prazo final para as convenções partidárias que formalizam as candidaturas às eleições gerais de 2010, não consigo entender o que quer de mim o meu partido- o Partido Socialista Brasileiro.
A se dar crédito às pesquisas eleitorais, eu estaria falando por algo ao redor de 15 milhões de brasileiros, apesar de não dispor de nenhuma máquina como as portentosas estruturas do governo federal ou do governo de São Paulo ou de, notoriamente, não ser o mais querido da nossa grande mídia ou de nosso baronato. É muita coisa. É coisa mais que suficiente para irrigar em meu coração um profundo sentimento de gratidão e, mais que isso, um grave sentido de responsabilidade para com nossa Nação. Modesto, mas real e grave!
A se seguir pelo conselho pragmático que avilta a política brasileira, é óbvio que o partido só tem a ganhar apresentando uma candidatura. Os partidos que disputaram, cresceram. Os que não disputaram definharam. Merecidamente, diga-se de passagem.
A se por um olho minimamente sério sobre a realidade brasileira presente, mais óbvio e moralmente mais importante ainda é a tarefa de apresentar uma candidatura à presidência!
É fato notório o mal que faz ao Brasil esta polarização amesquinhada, porém mutuamente conveniente, entre o PT e o PSDB. É a imposição ao Brasil ,por um preço cada vez mais impagável, da briga provinciana dos políticos de São Paulo. Lá eles são iguais, especialmente nos defeitos. Isto definitivamente não é verdade no Brasil!
Esta disputa pelo mero mando propiciado pelo poder, ou, pior, por seu aparelhamento patrimonialista e corrupto só garante uma coisa: o Brasil não muda na sua essência de mais desigual entre todos os países do mundo organizado! Claro que com Lula a coisa tem melhorado…Com os neoliberais acanhados do PSDB, a coisa vinha piorando…
A democracia brasileira, jovem e imperfeita como ainda é, agüenta que, ao invés de uma ampla opção arbitrada pelo povo, o jogo do poder seja decidido em gabinetes de Brasília onde a linguagem é um misto de pressões e trocas? Lembremo-nos de que, por regra, as burocracias partidárias se eternizam, o que quer dizer que basta a ação de pressão e/ou ofertas fisiológicas sobre uma mera meia dúzia de pessoas. Assim mesmo: sobre SEIS pessoas fechadas e isoladas em gabinetes de Brasília ou de São Paulo pode-se hoje definir as opções TODAS a serem “escolhidas” pelo povo nas eleições. Isto não é, infelizmente uma hipótese. É o que está acontecendo no Brasil aqui e agora. Omitir-se sobre isto é criminoso!
O sistema eleitoral prevê dois turnos por respeitar a realidade do Pais. Uma federação cheia de maravilhosas contradições! Uma realidade de grande fragmentação partidária, parte por seqüelas de uma ordem política viciada, parte, entretanto, por expressão de muitas realidades que pedem muitos olhares sobre a vida dura de nossas maiorias. As alianças se impõem e são naturais no segundo turno.
A quem interessa tirar do povo as opções que no passado recente permitiram a um sindicalista chegar à presidência? A história acabou? Não há mais o que criticar ou discutir? Oito de Lula, quatro de Dilma, mais oito de Lula é o melhor que podemos construir pro futuro de nosso Pais? A única alternativa é voltar a turma da privataria como diz o Elio Gaspari ? E estas transas tenebrosas de PT com PMDB é o melhor que nossa política pode oferecer como exemplo de prática aos nossos jovens?
O que é o PSB? Um ajuntamento como tantos outros, ou a expressão de um pensar audacioso e idealista sobre o Brasil? Vai se decidir isto agora.
Eu cumprirei com disciplina e respeito democrático o que decidir meu Partido. Respeito suas lideranças. Mas, tenham meus companheiros clareza: eu não desisto! Considero meu dever com o Brasil, lutar até o fim. Se for derrotado, respeito. Mas amanhã algum brasileiro mais atento dirá que alguns não se omitiram quando se quis tirar o povo da jogada.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

NILMÁRIO

Lí no blog do Nilmário Miranda uma bela mensagem com o título: "Lula lá, Nilmário aquí, Tilden no Senado..." com o seguinte conteúdo:
"Depois de um bom tempo, liguei para Tilden Santiago para lembrar de uma viagem nossa à Medina, comunidade de Aredó, onde vivemos um Lava-pés na casa de farinha. Ele será mesmo candidato ao Senado pelo PSB. Disse a ele que terá meu voto e de Stael em 2010. São duas vagas em disputa, votarei no candidato que o PT apoiar e no Tilden.... combinei um encontro para colocarmos nossa conversa em dia. Somos amigos desde 1976 quando fundamos o Jornal dos Bairros, participamos da fundação e da construção do PT.... Até hoje encontro pessoas que me chamam de Tilden, assim como ele é confundido comigo, as pessoas nos associam. Em vários momentos tivemos disputas políticas () divergências que culminaram na saída dele para o PSB. Mas a amizade acaba prevalecendo."
Nunca esqueci o Lava-pés vivido em Jerusalém nos anos 60. E agora Nilmário me faz recordar a mesma emoção vivida na Casa de Farinha de Aredó, em Medina em 1986. É uma alegria essa declaração de voto de Nilmário, Stael e Vitinho. Quantas lembranças! Jornal dos Bairros, logo que saímos da prisão política, a fundação e construção do PT, as dobradinhas, as viagens por toda Minas Gerais, a companheirada trocando nossos nomes, as disputas políticas, as prévias. Participamos do impulso nacional do PT. Minas e Contagem foram nossos cenários especiais. Aquí vim morar em março de 1975. No ano seguinte chegaram Nilmário e Stael. O Jornal dos Bairros durou de agosto de 1976 até 1983. Em 1978, chegou Durval Ângelo. O primeiro núcleo sindical dos professores nasceu na própria sede do Jornal dos Bairros. Crescemos os três na luta social, sindical, ambiental e política. Um dia, aprendi do Nilmário que a política é cruel porque ela aproxima as pessoas e ela mesma se encarrega de separá-las. Agora ela nos ensina que uma terceira fase é possível: a do reencontro, da reconciliação. É como você disse Nilmário: "A amizade acaba prevalecendo"
Acabo de  telefonar a ele e ja combinamos um almoço para colocarmos nossa conversa em dia e sobre como caminhar rumo à Câmara Federal e ao Senado.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

DE OLHO NO SEGUNDO VOTO

Publicado no Jornal Hoje em Dia de 26 de março de 2010 - Página 3 - Política
TILDEN CONFIRMA PRÉ-CANDIDATURA AO SENADO
O ex-embaixador Tilden Santiago confirmou ontem sua pré-candidatura ao Senado pelo PSB e apresentou duas pesquisas que indicaram que suas chances são reais. Tilden avalia que, por seu perfil "suprapartidário" pode ser beneficiado com o segundo voto do eleitor que, por exemplo, o governador Aécio Neves (PSDB) ou candidatos de outros partidos. Neste ano o eleitor poderá escolher dois candidatos ao Senado, já que duas vagas estão em disputa nas eleições. "Nenhuma disputa se decide antes das eleições", afirma Tilden, que contabiliza também, como bom indicativo, três milhões e trezentos mil votos que recebeu nas eleições de 2002, quando disputou pelo PT, seu partido. Estarão em disputa as vagas dos atuais senadores Eduardo Azeredo (PSDB) e Hélio Costa (PMDB), que no próximo dia 31 de março deixa o Ministério das Comunicações

CRUZ E SEPULCRO VAZIO

Sua mensagem não se sintetiza, nem termina na cruz! Infelizmente não foram poucas as espiritualidades que tentaram absolutizar a cruz, a dor, o sofrimento, como valor maior e quase exclusivo da vivência do Profeta da Galiléia, ao chegar a Jerusalém para a última páscoa celebrada com seus amigos. O pior é que esta visão equivocada, acabou afetando a caminhada de boa parte da humanidade. Quantas vidas não desabrocharam por causa desta hipervalorização da cruz!
Não existe cruz sem sepulcro vazio!
Não existe calvário sem ressureição!
Não existe morte sem retomada da vida!
Foi assim com Jesus! É assim na história humana!
Pendura-se uma curz no pescoço - é muito comum. Por que não penduramos um túmulo vazio pequenino, esculpido na madeira ou na pedra sabão ou pintado? Por que não vemos em nossas paredes um Santo Sepulcro, como vemos com frequência a Santa Cruz?
Na década de 60, eu celebrava com vários amigos, a paixão, a morte e a ressureição literalmente em Jerusalém. Tudo começava na quinta-feira à tardinha, numa grande sala no segundo andar toda perfumada e iluminada por dezenas de candelabros e cheia de almofadas (Lucas 22,12).
Mimetizando o Carpinteiro de Nazaré, que subiu à Jerusalém pela última vez, partilhávamos o pão e o vinho, reproduzindo o Seder - a céia hebráica dos Ázimos e da Páscoa - lembrança da libertaçào e saída do Egito ( Marcos, 14, 22 a 25)
Lá pela meia noite, "depois de cantar os salmos" (Mateus 26,30) atravessávamos Jerusalém e subíamos o Monte das Oliveiras (Mateus 26). Debaixo das milenares oliveiras, "prostrávamos com o rosto por terra e orávamos" ao Pai, a exemplo do Mestre (Mateus 26,39) e partilhávamos convicções, sentimentos, inspirações, comungando uma mesma visão de mundo, como irmãos e irmãs no trabalho, na vida, na luta pela trasnsformação nossa e das estruturas, na busca de uma espiritualidade nova e velha de dois mil anos.
"O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mateus 26,41).
Acabávamos por adormecer sob as estrelas, "com os olhos pesados de sono" (Mateus 26,43) que só se abriam, quando uma coruja passava nos asustando.
Alta madrugada, quase amanhecendo, descíamos o Monte, batizado por suas árvores, contemplando a cidade sobre a qual Yeshua chorou ( Lucas, 19,41 a 44) e que suspira até hoje pela Paz. Ieroshalaim, cidade da Paz, tão sonhada e dificilmente alcançada, dilacerada por primos e irmão semitas. Mirávamos do alto, antes de atravessar o Vale do Cedron, a majestosa cúpula da mesquita islâmica, que protege a Moriah, onde Isaac ia ser sacrificado por Abraão, a esplanada do templo judeu de outrora.
 Passávamos pelas casas dos sumo-sacerdotes, Anás e Caifás, lendo no local nos evangelhos, a mediocridade perversa desses personagens, ( João 18,13 - 27) e a vacilação covarde de Pilatos, quando chegávamos ao Lithostrotos e à torre na muralha, onde ficava o governador romano e as tropas das legiões, que guardavam (?) Jerusalém ( João 18,28 a 19,22)
A sexta-feira era dedicada a uma longa via sacra pelos passos da via crucis. Mas o que me marcou profundamente era na manhã de sábado de alelúia, bem cedinho, disputar com os companheiros e companheiras de Jesus de Nazaré, quem chegava primeiro ao Santo Sepulcro (João 21 a 18)
Daí o meu fascínio e encantamento pelo Santo Sepulcro, mas vazio, pelo túmulo de Cristo vazio, símbolo da ressureição e do eterno renascimento d'Ele e da humanidade. 
Hoje, nossa Jerusalém é Contagem, BH, Minas, o Brasil, a América Latina, a terra dos homens, santuário da vida que não morre nunca.
"Ilusória seria a nossa fé, se Jesus não tivesse ressucitado" (Primeira Corintios, 15,12 a 19), dirá Paulo mais tarde. Nas suas cartas e nos atos dos apóstolos, Paulo de Tarso sabe enfatizar o significado da cruz sem desvinculá- lo da ressureição do  Messias dos Pobres e da humanidade, sendo resultado final e defiitivo, a redencão de todo o universo criado. "Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens". (Ler todo o capítulo 15 da primeira carta de Paulo aos Corintios.