quinta-feira, 3 de setembro de 2009

FREI BETTO

"Eu vim para semear. Não nascí para colher." Frei Betto não apenas leu Che Guevara, ele vivencia essa convicção do guerrilheiro heróico. Nesse sentido, vem semeando livros, palestras, exemplos pelo Brasil e pelo mundo afora. Estive recentemente em Pedro Leopoldo a convite de meus amigos Xandão e Guida, para ouvir e homenagear meu irmão de caminhada no Movimento Fé e Política, nas CEBs, na Teologia da Libertação, na ALN de Carlos Marighella, na resitência à ditadura, no PT por quase 30 anos e agora, na luta, porque a luta continua sempre.
A igreja matriz de Pedro Leopoldo estava lotada. Eis algumas sementes que o dominicano espalhou por aquela boa terra:


*Quanto menos utopia, mais drogas, quanto mais utopia, menos drogas. Não dá para viver sem sonhos.


*Jesus curava sem antes perguntar ao fulano se ele tinha fé. Foi assim com a samaritana, com a cananéia e com o centurião pagão.


*A escola, a família, o Estado e a religião (as igrejas) são instituições em crise, porque vivemos um tempo de mudança de época: a modernidade está dando lugar à pós-modernidade. Como a idade média deu lugar ao modernismo.


*A modernidade fracassou para 1/3 da humanidade. Apenas 20% se beneficiou, 80% foram excluídos. De seis bilhões de humanos, quatro bilhões vivem abaixo da linha de pobreza.


*Vivemos uma crise de valores, uma crise de ética.


*Hoje, a busca é de uma espiritualidade e não de uma instituição religiosa. Daí a crise das igrejas.


*O paradigma de sociedade gerado na modernidade está desaparecendo para dar lugar a um novo paradigma.


*A prioridade na modernidade é o mercado, tudo virou mercadoria. Se não reagirmos à idolatria do mercado e ao consumismo, o caminho estará aberto à barbárie e a dominação.


De volta a Belo Horizonte, na estrada que liga BH ao aeroporto de Confins, José Arnaldo, meu cunhado ao volante, repetia muitas das idéias semeadas por Frei Betto. Terra boa, o coração de José Arnaldo. Ia me esquecendo de uma última semente de Frei Betto, mas ele me lembrou: o homem se orgulha de ter pousado na lua. Mas não se envergonha de não fazer pousar o alimento no estômago de milhões de crianças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário