quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ARRUDA E EZEQUIEL

Assistí pela TV, as façanhas do governador José Roberto Arruda e seus comparsas. Dinheiro nos bolsos, em todos os bolsos! Dinheiro na meia! Dinheiro na cueca mais uma vez!
Triste, lembrando Arruda, Collor, anões do orçamento e outros corruptos, tomei o metrô na Estação Eldorado, rumo à Central do Brasil, para o lançamento do livro de poesias "Partilha" de Roberto de Carvalho, vice-prefeito de BH.

Quando o metrô passou pela Estação da Lagoinha, entrou um adolescente, meio crescido, pés no chão, roupa muito suja, pele ressecada de poeira e sol no rosto, nas mãos e nos pés, brilho no olhar - certamente como do leproso de Assis. Nem todos os pobres perdem a esperança!


O jovem foi ágil em distribuir um papelzinho com inscrição em manuscrito, xerox, a todos os passageiros em meu vagão:


"Quando tudo for silêncio e você pensar que todos te esqueceram, lembre-se de mim, pois nada sou, nada tenho, mas desejo a você toda felicidade do mundo! Peço uma ajuda e que Deus te abençoe". Sem assinatura.


Quase todos em meu vagão, buscamos no fundo do bolso moedinhas e notas de um dou dois reais. Nossos bolsos não são como os de Arruda. Mirei o brilho dos olhos dele e matei minha curiosidade: -Como você se chama? -Ezequiel, respondeu num sorriso.


Mas ele foi para meu coração franciscano, mais do que um profeta. Foi um evangelista que com suas palavras, sua postura digna, seu olhar, seu sorriso, me evagelizou com uma boa nova, que me fez esquecer Arruda e comparsas. Voltei de Metrô, lendo os versos de Roberto e sonhando com os pobres, os oprimidos, os excluídos, irmanados para redimir a história humana. Para cada Arruda. cada Collor, cada anão do orçamento, cada mensaleiro, cada corrupto, existem milhões de Ezequiéis, capazes de juntos, remover a história.


"Quando tudo for silêncio e você pensar que todos te esqueceram, lembre-se de mim (Ezequiel), pois nada sou, nada tenho, mas desejo a você toda felicidade do mundo!"

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