
A figura humana do Che se mistura com uma convicção inabalável de revolucionário, que não abre mão de libertar os povos da América Latina, através da Revolução. Como um pedagogo em plena guerra, ele mostra aos jovens bolivianos arregimentados e aos cubanos que o acompanham, que as grandes massas oprimidas e excluídas, vivendo na miséria, não se libertam sem que uma grande força confiável se manifeste e os desperte para a luta. Mas a ênfase é seu humanismo expresso num "cuidado" permanente com aqueles com quem convive.
O termo "revolução" não mexe mais com a quase totalidade da opinião pública - sobretudo porque ele se confunde com "luta armada", que ficou fora de moda. E a maioria dos rebeldes de agora e de outrora ficam a espera das condições objetivas para que a revolução aconteça.
Como a revolução não se reduz à luta armada, talvez seja mais conveniente, hoje para que a libertação se dê, falar de transformação profunda das realidades estruturais no bojo de uma "evolução permanente". Aliás é o que parece estar acontecendo na América Latina, com o fim das ditaduras e o advento das democracias, com o povo elegendo para presidente: indígena, mulher, trabalhador nordestino, bispo da Teologia da Libertação, militar mulato nacionalista, liberais rebeldes de centro esquerda.
É inegável a força atual da integração latino-americana, agora sem a busca acentuada de hegemonias como foi o sonho de José Martí. Mas é inegável também que todo avanço que hoje se observa não deixa de ter um nexo com a resistência heróica dos anos 50, 60 e 70, Cuba à frente. É com esse olhar que Evo Morales e milhões de bolivianos contemplam o desprendimento e a imolação de Ernesto Guevara.
A gente sai do filme para viver o atual momento político da América Latina, com a certeza de que a transformação da sociedade é possível e com o desafio de ser revolucinário na rotina da vida. O que certamente é tão difícil e heróico quanto subir a montanha e embrenhar-se pelas matas empunhando um fusil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário