“A simples reforma de um sistema corrompido não gera nenhuma sociedade nova: apenas reanima o velho sistema, que cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios. Só um programa profético vislumbra um futuro novo, provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova, com uma relação social a partir da justiça.”
A leitura do profeta Ezequiel deveria preparar senadores e deputados para a tão falada Reforma Política, se é que um dia ela vai acontecer. Doce ilusão! Exclamava Giordano Bruno: pensar e esperar que os donos do poder renovarão o poder.
Parece até que Ezequiel conheceu a história contemporânea do Brasil: nossos sonhos no final da Ditadura com um poder popular e democrático, seguidos de uma transição lenta, gradual e segura; derrota das diretas já; Congresso Constituinte em vez de Assembléia Nacional Constituinte; anistia relativa; cassação de Collor; anões do orçamento; mensalão; atos secretos no Senado, etc.
Se a classe política não construir a verdadeira reforma, que pela conversão coletiva e pessoal e pelo “profetismo”, só nos resta esperar pela sabedoria de nosso povo eleitor, pela investida decidida da Nação brasileira nas URNAS!
domingo, 26 de julho de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL O TEMPO DE 7 DE JULHO DE 2009, HOJE.
Jornalismo
Muito se tem escrito ultimamente sobre o jornalista, seu diploma universitário, sua formação nos cursos de comunicação social. O Supremo Tribunal Federal – STF – derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, numa analogia imprópria com a profissão de cozinheiro e abrindo espaço para posicionamentos equivocados e mal fundamentados a favor ou contra o diploma. Mais um desgaste para o já desacreditado Ministro Gilmar Mendes, relator.
O debate sobre esta questão já dura cerca de 40 anos. Ele nasceu com o Decreto-lei 972/69 – logo depois do golpe dentro do golpe de 1968. De lá para cá, os Sindicatos dos Jornalistas, a FENAJ e a ABI – junto com as escolas de Comunicação Social e praticamente a totalidade dos profissionais defendeu a obrigatoriedade do diploma. Fala-se muito de corporativismo e reserva de mercado da parte das entidades sindicais dos jornalistas. E se esquecem de que na época, empresas irresponsáveis, preferiam pagar menos aos seus profissionais. O curso de comunicação e como conseqüência o diploma faziam parte de um esforço coletivo da categoria para o crescimento da qualidade profissional, além da defesa do salário.
Por que a ANJ e a ABERT sempre foram contra ou pelo menos manifestaram má vontade com os cursos e o diploma? Hoje é certo que a melhor preparação e formação profissional do jornalista supõe providências inúmeras e menos simplistas, dada a complexidade da sociedade e da própria arte e/ou ciência da comunicação. O talento, o dom natural é importante para ser jornalista, mas o bom jornalismo supõe também técnica, formação teórica, que começa nas escolas e continua nos locais de trabalho.
O que causa repulsa é a pressa em proclamar a decisão do STF como uma grande vitória do Direito á Informação e da Liberdade de Imprensa. A defesa do direito à informação e da liberdade de imprensa passa por providências muito mais urgentes do que a derrubada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Entre outras citaria duas: o fim do monopólio dos meios de comunicação nas mãos de poucos e a necessidade de regionalizar a informação, dada a imposição excessiva da mídia nacional e internacional.
A Conferência de Comunicação que se prepara no país será um bom momento para avançarmos na qualidade da informação. Independente de seus interesses, FENAJ, ANJ, ABI, ABERT, sindicatos patronais e dos jornalistas devem dar sua valiosa contribuição, como também as Escolas de Comunicação Social e toda a sociedade brasileira.
Tilden Santiago. Embaixador do Brasil em Cuba 2003/2007 – Dep. Federal por 3 mandatos
Presidente do Sindicato dos Jornalistas – Diretor da FENAJ 1981/1984
Muito se tem escrito ultimamente sobre o jornalista, seu diploma universitário, sua formação nos cursos de comunicação social. O Supremo Tribunal Federal – STF – derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, numa analogia imprópria com a profissão de cozinheiro e abrindo espaço para posicionamentos equivocados e mal fundamentados a favor ou contra o diploma. Mais um desgaste para o já desacreditado Ministro Gilmar Mendes, relator.
O debate sobre esta questão já dura cerca de 40 anos. Ele nasceu com o Decreto-lei 972/69 – logo depois do golpe dentro do golpe de 1968. De lá para cá, os Sindicatos dos Jornalistas, a FENAJ e a ABI – junto com as escolas de Comunicação Social e praticamente a totalidade dos profissionais defendeu a obrigatoriedade do diploma. Fala-se muito de corporativismo e reserva de mercado da parte das entidades sindicais dos jornalistas. E se esquecem de que na época, empresas irresponsáveis, preferiam pagar menos aos seus profissionais. O curso de comunicação e como conseqüência o diploma faziam parte de um esforço coletivo da categoria para o crescimento da qualidade profissional, além da defesa do salário.
Por que a ANJ e a ABERT sempre foram contra ou pelo menos manifestaram má vontade com os cursos e o diploma? Hoje é certo que a melhor preparação e formação profissional do jornalista supõe providências inúmeras e menos simplistas, dada a complexidade da sociedade e da própria arte e/ou ciência da comunicação. O talento, o dom natural é importante para ser jornalista, mas o bom jornalismo supõe também técnica, formação teórica, que começa nas escolas e continua nos locais de trabalho.
O que causa repulsa é a pressa em proclamar a decisão do STF como uma grande vitória do Direito á Informação e da Liberdade de Imprensa. A defesa do direito à informação e da liberdade de imprensa passa por providências muito mais urgentes do que a derrubada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas. Entre outras citaria duas: o fim do monopólio dos meios de comunicação nas mãos de poucos e a necessidade de regionalizar a informação, dada a imposição excessiva da mídia nacional e internacional.
A Conferência de Comunicação que se prepara no país será um bom momento para avançarmos na qualidade da informação. Independente de seus interesses, FENAJ, ANJ, ABI, ABERT, sindicatos patronais e dos jornalistas devem dar sua valiosa contribuição, como também as Escolas de Comunicação Social e toda a sociedade brasileira.
Tilden Santiago. Embaixador do Brasil em Cuba 2003/2007 – Dep. Federal por 3 mandatos
Presidente do Sindicato dos Jornalistas – Diretor da FENAJ 1981/1984
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