Contagem, julho de 2010
Amigo Rogério Colombini
O momento político atual precisa de gestos corajosos e democráticos como o seu. Meu abraço amigo e solidário, a você e ao Diretório Mineiro do PRB, em nome de centenas de mineiros que prezam a liberdade e a ousadia rebelde.
Soube pelos jornais de 6 de julho, terça feira, que a Executiva Nacional do PRB fez intervenção no Diretório Mineiro, anulando a convenção do Diretório de Minas realizada no dia 27 de junho, que decidira apoio à reeleição do professor Antônio Anastásia, causando um racha no partido e a sua saída corajosa desta legenda, que você tanto engrandeceu.
O pior é que intervenção de cima para baixo está virando moda, contaminando o atual processo político e eleitoral brasileiro, desqualificando lideranças nacionais, mas, ao mesmo tempo, revelando o rosto de resistentes nos Estados, como você, Sandra Starling, o deputado federal Domingos Dutra no Maranhão, Frei Betto e outros. Como vão construir o Pacto Federativo, partidos e políticos que praticam uma ditadura vertical sobre os Estados? E tudo se faz sob o véu falso e hipócrita de fidelidade partidária.
Suas palavras, Colombini, não deixam margem a dúvidas: “Não sou mais presidente do PRB em Minas. Vou continuar apoiando Anastásia.” E com duras críticas, você condenou a maneira como os processos têm sido conduzidos: “Fizeram intervenção com o PT em Minas e eles não tiveram coragem de reagir. Eu tive...”
Estou plenamente de acordo com a nota divulgada pelos partidos da coligação “Somos Minas Gerais”, a qual classifica a intervenção vertical, a um “atentado praticado por forças externas contra a autonomia e a liberdade dos partidos de Minas: Minas não é moeda de troca.”
E o pior, Colombini, é que se tenta justificar as intervenções autoritárias, como mecanismos necessários à construção e manutenção de “partidos nacionais.” Então pisa-se nos Estados e Municípios motivados mais pela obsessão do poder pelo poder do que pela preservação do caráter nacional de nossos partidos.
Na verdade, a causa real e principal dessa situação esdrúxula, que estamos vivendo, é a perniciosa dimensão plebiscitária que os paulistas imprimiram, bem antes, ao processo eleitoral. Essa bipolaridade forçada, que não nasceu do povo, nem da constituição, reduz a política a dois partidos, a dois nomes para presidente, excluindo os demais partidos e lideranças. Você é apenas a última vítima dessa bipolarização, que mata o debate, a discussão, que mata a política como processo democrático.
Você é mais uma vítima, Colombini. A primeira foi Aécio Neves, impedido de disputar a presidência, a segunda Ciro Gomes, a terceira Marina Silva e os nanicos, que acabam justificando esta farsa democrática de dois turnos, realizados burocraticamente, se houver...
Sinta-se honrado, Colombini, na companhia de ilustres políticos que pregam a liberdade do ser humano junto com a legítima aspiração do poder. Mas a principal vítima da bipolarização é o povo brasileiro (no sentido que dava a essa expressão, o saudoso Darcy Ribeiro) impedido de viver uma grande “aula política” nas eleições de 2010.
Um forte abraço, Colombini, deste amigo que muito o estima e que se orgulha de ser contado entre seus amigos. Maíra manda lembranças.
Saudações socialistas e republicanas!
Reforço as lembranças, bem como as saudações socialistas!!
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