quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DOM CRISTIANO E A CHARADA DO SÉCULO

A charada do século: POLUIR MENOS PARA PRODUZIR MAIS
Como combater a emissão de gases poluentes no ar sem comprometer o crescimento? Como atender a crescente demanda por água, energia e alimentos, sem acelerar ainda mais o esgotamento dos recursos naturais e aumentar o efeito estufa que faz subir o aquecimento global e as águas do mar?
O mundo está de olho na Conferência de Copenhague, onde os líderes das nações estão tentando encontrar soluções para enfrentar o problema do aquecimento global com suas consequências desastrosas. Nosso século vai enfrentar escassez crescente de recursos naturais. Os mais atingidos serão os mais pobres do semiárido ameaçado por desertificação. Diante da necessidade de medidas abrangentes, muitos fazem apenas apelos genéricos . Outros recomendam remendos, apontam ações pontuais. Nenhum governo quer comprometer-se com promessas que possam prejudicar o desenvolvimento do país.
O Brasil quer aproveitar a descoberta do pré-sal para dobrar a produção de petróleo. Ora, dobrar a produção de petróleo significa dobrar a emissão de dióxido de carbono com a queima dos seus derivados. A corrida pelo pré-sal está apenas começando.
Não é só o Brasil que tem. O aumento da produção mundial, ou a redução do seu consumo em novas crises mundiais, pode reduzir o preço do petróleo e dificultar a substituição progressiva por biocombustíveis, onde o Brasil tem posição privilegiada pela natureza. Por outro lado, essa substituição faz crescer a competição por água e terra. Mais um dilema: Produzir alimentos ou gerar energia?
Os biocombustíveis também produzem dióxido de carbono na sua queima, mas antes o sequestram para fazer as plantas crescer. Um biocombustível especial é o carvão. Quando o carvão vem do desmatamento, não só contribui para o aquecimento global, mas produz os estragos da degradação ambiental. O pior dos estragos é a queima de florestas que nem aproveita o valor da madeira.
O petróleo e o carvão mineral retiraram do ar o seu carbono em tempos pré-históricos e liberaram oxigênio para o reino animal. Seu uso atual é um grande fator de poluição. Melhor seria preservá-los para usar na petroquímica.
No Brasil temos os dois extremos. Com a queima de florestas somos o pior emissor de gases poluentes. Aprendendo a preservar a floresta amazônica podemos ser o maior sequestrador de CO2. Está na hora de passar a dar uma contribuição ainda maior para diminuir o efeito estufa e retirar da atmosfera quantidades enormes de gases nocivos: Plantar florestas em áreas degradadas e regiões de clima seco. Combinar duas coisas que pareciam incompatíveis: Diminuir a poluição e aumentar a produção.

Se isso é viável, qual é a razão que nos impede de fazer? O problema é que faltava um método de irrigação para plantar florestas sem precisar de milhões de litros de água por mês para irrigar um só hectare. Já não falta mais: Desenvolvi uma ferramenta para facilitar o plantio de florestas no semi-árido e tornar possível a recuperação de áreas de deserto.
Com irrigações emergenciais, gastando apenas meio milhão de litros de água por ano, cuidamos de uma plantação de 4000 mudas de Neem, enfrentando dois anos muito secos. É coisa simples: colocar água de chuva e de irrigação no lugar adequado para plantas de raízes profundas.
Para começar, proponho plantar cem milhões de hectares de florestas no sertão e no cerrado, para substituir os desmatamentos e evitar a desertificação, criar milhões de empregos e apoiar a agricultura familiar, fornecer o carvão para padarias, olarias, usinas termoelétricas e siderúrgicas. Mais tarde, tais florestas poderão abastecer o mundo de papel e de madeira, preservando as matas nativas e reservando as regiões de clima melhor para produzir alimentos.
Para quem achar que isso é fantasia de um sonho utópico, posso informar que já tenho um pequeno campo de demonstração em Manoel Vitorino, com 15 hectares de árvore Neem de dois anos em pleno vigor, numa região onde pouco se planta e menos se colhe. Desde 2007 não corre água nem na temporada de chuva. Faz anos que nada se produz na redondeza. Nos meses de seca, o gado precisa fugir para lugares melhores.
É hora de divulgar o projeto, que é importante demais para depender apenas dos meus recursos limitados. Mais informações no meu Blog: www.domcristiano.com.br, com link para um filminho no youtube para quem quer ver para crer.
Para um futuro mais distante, nenhuma solução técnica poderá dispensar a necessidade de mudanças radicais na mentalidade e nas atitudes das pessoas. Diante dos limites dos recursos naturais, os que têm menos só poderão ter mais, se os que têm mais se contentarem com menos. A necessidade de um padrão de vida modesto para todos, ainda neste século, é questão de simples matemática. A não ser que o fim do mundo chegue antes. Um exemplo: A terra não vai suportar dois carros por família e viagens intercontinentais de bilhões de pessoas por ano.
Se continuar a mentalidade egoísta que diz, Farinha pouca, meu pirão primeiro, os mais fortes vão recorrer a novas guerras para defender seus privilégios.
Não podemos continuar a gastar por conta das gerações futuras. Precisamos preservar uma terra habitável para nossos netos e bisnetos.
Jequié, 12 de Novembro de 2009
+ Cristiano Krapf

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